quinta-feira, 19 de julho de 2007

Porto de Paranaguá incentiva montagem da ópera La Traviata pelo Teatro Guaíra

A presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra, Marisa Villela, e o maestro da Orquestra Sinfônica do Paraná, Alessandro Sangiorgi, fizeram uma visita de agradecimento ao superintendente dos portos do Paraná, Eduardo Requião, pelo apoio na captação de recursos para a montagem da ópera “La Traviata”, do compositor italiano Giuseppe Verdi. A co-produção será do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) e a ópera será apresentada de 18 a 26 de agosto, no Teatro Guaíra, em Curitiba.

Para Marisa Villela, as parcerias público-privadas com empresas paranaenses são importantes na área cultural. “Muitas vezes, empresas de grande porte do Litoral não participam ativamente de incentivos à cultura. Elas têm o dinheiro, mas não têm oportunidade de participar de maneira mais ativa. Esta é uma chance única de abrir as portas do Teatro Guaíra para comunidades diferentes, para ampliação de platéia”, disse.

De acordo com a presidente do Guaíra, são poucos os teatros no Brasil que produzem óperas. “Estamos tentando retomar isso aqui no Paraná. A ópera envolve muita gente. Na última edição que fizemos, foram gerados 100 empregos diretos, não só para bailarinas e dançarinos mas para costureiras, marceneiros e pintores de parede. A ópera movimenta a cidade, o comércio e dá emprego e isso é importantíssimo para nós”, avaliou.

Segundo diretor do TCP, Juarez Moraes e Silva, é a primeira vez que a empresa tem disponibilidade, dentro da Lei Rouanet, para participar de eventos culturais. “Temos que entender que as responsabilidades do setor empresarial, hoje em dia, estão divididas em três aspectos: social, ambiental e cultural. A empresa não é apenas um agente econômico. Ela precisa perceber estas outras responsabilidades e o TCP buscou participar do processo com esta ótica. Além disso, é nossa intenção fazer a conexão da comunidade local com a cultura através do principal agente cultural do Paraná e um dos principais do Brasil, que é o Teatro Guaíra”, disse.

“La Traviata” é baseada na história real da prostituta Marie Duplessis, uma das musas da alta sociedade parisiense na década de 1840. A produção vai envolver músicos, bailarinos e cantores do Teatro Guaíra e vai gerar cerca de 100 empregos temporários no período de produção e exibição. A montagem terá nos principais papéis femininos a soprano italiana Luiza Giannini, que interpretará Violeta, e duas mezzo sopranos curitibanas: Diana Daniel, no papel de Flora, e Ariadne Oliveira, como Annina.

Parceria - “É uma ópera belíssima, trazida ao palco com música por Verdi sobre a história de Alexandre Dumas Filho, ‘A Dama das Camélias’. É uma das óperas mais apresentadas no mundo, temos um elenco excelente, vindo parcialmente da Itália. É uma grande excitação para nós todos por estar trazendo um evento tão complexo e tão bonito para o Guaíra”, declarou Sangiorgi, afirmando que a meta do Guaíra é realizar ao menos uma ópera ao ano.

Segundo o maestro, em todo mundo a tendência é a parceria entre poder público e a iniciativa privada para a realização de peças e espetáculos. “É um tipo de parceria onde todo mundo sai ganhando porque através da Lei Rouanet as empresas usam dinheiro do imposto, que deveria de qualquer forma ser pago, e, em retorno, têm uma publicidade extraordinária não só por estar participando do evento, o que mostra uma faceta da empresa diferente do que a puramente comercial, mas também por amplificar a visão da empresa a um público que não a conheceria em outra situação”, avaliou Sangiorgi.

Bonecos – Outro parceiro do Teatro Guaíra com atuação no Porto de Paranaguá foi a Romani S/A Indústria e Comércio de Sal, mais conhecida como Sal Diana, que colaborou com a realização do 16º Festival Espetacular de Teatro de Bonecos, realizado na primeira quinzena de julho. Instalada em Paranaguá desde a década de 1960, a empresa gera 250 empregos diretos e, de acordo com o diretor da empresa, Agenor Tavares, esta foi a primeira vez que a Romani patrocinou um projeto cultural.

“Participar de apoios culturais é muito importante não apenas para a empresa, mas principalmente para a comunidade em que ela está inserida. Gostamos muito da experiência e vamos continuar participando de projetos deste tipo”, afirmou Tavares.

BOX - Verdi foi o mais importante compositor italiano do século 19

Verdi foi o mais importante compositor italiano do século 19. A trajetória da sua carreira foi ligada ao processo de unificação da Itália, verificado entre 1815 a 1870. Verdi compôs várias óperas cujos enredos eram nacionalistas. Para driblar a rigorosa censura da época, as histórias nem sempre se passavam na Itália, mas os coros guerreiros e patrióticos eram perfeitamente compreendidos quando observados isoladamente. Os italianos então passavam a cantá-los pelas ruas.

Nas principais cidades italianas, cada vez que uma das óperas de Verdi era apresentada, os muros apareciam pichados com a inscrição “Viúva Verdi”, que celebrava o compositor e ao mesmo tempo era a sigla para Vitório Emanuel Rei Da Itália.

De acordo com o maestro da Orquestra Sinfônica do Paraná, Alessandro Sangiorgi, há mais de 20 anos que “La Traviata” não é encenada em Curitiba. “Estamos preparando uma volta em grande estilo”, contou. Segundo o maestro, “La Traviata” é a ópera mais representada no mundo, com trechos muito populares e que serão facilmente identificados pelo público.

A ópera trata da história de amor entre a prostituta Violetta e Alfredo. O amor deles é proibido pela família, por conta do ofício exercido pela moça. “A ópera trata, podemos dizer assim, de uma forma especial de se ganhar o paraíso, através do amor que o sentimento mais puro. E no fim, naturalmente, ela morre, como acontece em qualquer outra ópera romântica daquela época”, explicou Sangiorgi.

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